sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Porque o câmbio é importante

Porque o câmbio é importante

Coluna Econômica - 07/08/2009

Luis Nassif


Há uma discussão retórica em torno do câmbio. No pano de fundo, estão dois modelos de desenvolvimento, beneficiando grupos distintos. O que importa para a discussão é saber qual modelo é mais adequado para o país como um todo.

No modelo livre-cambista, deixa-se a porteira aberta para a entrada e saída de capitais. Beneficia os detentores desses capitais internacionais – a maior parte dos quais capital brasileiro que saiu do país por diversas vias, inclusive por doleiros.

O principal argumento dos defensores desse modelo é que o Brasil não teria poupança interna suficiente para investir, necessitando assim de recursos externos.

É argumento capcioso por diversos motivos. O primeiro deles é que o capital de investimento, de fato, aquele que traz indústrias, moderniza a economia, não é de curto prazo. É um capital que aposta no longo prazo e não gosta de variações constantes do câmbio – como ocorre com economias expostas a esses fluxos de curto prazo. Portanto, os fluxos de curto prazo prejudicam a entrada de capitais de longo prazo.

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Uma segundo aplicação desses capitais de curto prazo é na compra de ativos – empresas ou ações. São úteis quando permitem a recuperação de empresas combalidas ou endividadas. Mas essas mesmas empresas podem ser recuperadas por investimentos internos. E, quando entra o capital externo de curto prazo, acaba ocupando o lugar da poupança interna.

Isso ocorre porque os dólares são trocados por reais. Esse movimento provoca uma valorização do real, que reduz a competitividade da economia. Como reação, o Banco Central adquire dólares excedentes. Para fazer isso, ele joga no mercado títulos da dívida. Aumentando a dívida, ela suga recursos de bancos e de investidores locais, que

vão financiá-la em vez de aplicar no setor privado.

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Além disso, a apreciação cambial acaba reduzindo o poder de competição dos manufaturados brasileiros, deixando o país cada vez mais dependentes de commodities para garantir as exportações.

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São vários os problemas de se depender de commodities. O primeiro, é que um setor que não gera nem muito emprego nem tem uma cadeia produtiva dinâmica. O setor industrial é composto por uma cadeia ampla de fornecedores, portanto as exportações de manufaturados têm um bom poder de multiplicação.

O segundo fato é que o setor de manufaturados é aquele que alavanca inovações, aperfeiçoamentos, que gera empregos de qualidade. Grande parte da falta de perspectivas dos jovens – nos últimos 15 anos – se deveu à atrofia do setor de manufaturas, devido às políticas equivocadas de juros e de câmbio.

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Há a visão equivocada de que, como país de dimensões continentais e com bom mercado interno, o Brasil poderia prescindir de exportações competitivas. Ora, com o mercado aberto e com a perda de competitividade da produção interna, não apenas as exportações estarão ameaçadas como os próprios produtos internos.

Antes da crise, a maluquice de um câmbio abaixo de R$ 1,80 fez que com até pneus de bicicleta fossem importados da China.

É para onde o governo Lula parece conduzir o país, com a reedição das loucuras cambiais de FHC e de Henrique Meirelles na fase pré-crise.

Saldo positivo da poupança

Com a captação líquida positiva de R$ 6,672 bilhões em julho, a caderneta de poupança teve o melhor desempenho desde 2007. Segundo o Banco Central, os depósitos totais na poupança atingiram R$ 89,935 bilhões, e os saques foram de R$ 83,262 bilhões. O saldo geral da poupança fechou o mês positivo em R$ 290,337 bilhões. A queda da taxa Selic tem atraído cada vez mais os grandes fundos de investimento para a poupança, em função da maior rentabilidade da aplicação.

Brasil vende menos manufaturados

Além de não conseguir vender mais produtos manufaturados à China, o Brasil está vendendo cada vez menos itens de maior valor agregado. Dados da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) demonstram que o País poderia vender mais produtos de autopeças, calçados e moda de alto padrão, armas e munições – itens que a China compra de outros países. De 2003 para cá, a representatividade das vendas de manufaturados ao mercado chinês caiu de 32,52% para 10,64%.

Japão pode ter deflação até 2012

Para o banco central japonês, o país deve enfrentar um processo de deflação até 2012. Nesse cenário, a política monetária deve priorizar a manutenção dos juros baixos. O Banco do Japão deve anunciar a sua primeira estimativa para o período até março de 2012 no final de outubro, mas os analistas acreditam que o núcleo do índice de preços ao consumidor cairá 1,3% até março de 2010, e recuar 1% no ano seguinte.

China deve baixar juros

O banco central da China sinaliza que pretende baixar o juro básico, como forma de incentivar a economia. "No período à frente, o Banco Popular da China vai implementar o afrouxamento de política monetária apropriado, simultaneamente a uma política de ajuste fino", afirmou a autoridade monetária. Por “ajuste fino”, entende-se que o BC usará ferramentas do mercado para sustentar a expansão do crédito ao longo do segundo semestre deste ano.

Gerdau minimiza prejuízo

A siderúrgica Gerdau minimizou o prejuízo do segundo trimestre, dizendo que o resultado não trouxe impacto significativo de caixa. A perda líquida foi de R$ 329 milhões, creditada à desvalorização no valor dos ativos. O resultado surpreendeu os analistas, que haviam projetado um lucro líquido de R$ 707 milhões. A Gerdau argumentou que as vendas cresceram 10,4% entre o primeiro e o segundo trimestres, e que "todas as operações mostraram crescimento" no período.

Plano freou queda do PIB dos EUA

Graças ao plano de recuperação do governo, o PIB dos Estados Unidos deve apresentar um crescimento de dois a três pontos percentuais. De acordo com a presidente do conselho econômico da Casa Branca, Christina Romer, sem as medidas de estímulo econômico a queda do PIB no segundo trimestre teria sido de 3,3%, ao invés de 1%. Para ela, o programa de US$ 787 bilhões foi "o plano de reativação contracíclico mais audacioso da história americana, e está funcionando bem".

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