15/04/2009
Os sinais desencontrados da economia
Coluna Econômica - 15/04/2009
Em São Paulo, pesquisa do CIESP e da FIESP mostrou, em março, a primeira variação positiva no emprego: 7,5 mil trabalhadores à mais, em razão da antecipação da safra de açúcar e álcool
Desde setembro de 2008 o indicador de emprego na indústria não registrava variação positiva.
Entre os indicadores da FIESP existe o “Sensor” que é o chamado indicador de antecedentes – isto é, analisa aqueles indicadores que costumam sinalizar, antes dos demais, mudanças na economia. Em março, o Sensor já indicava que o pior havia passado. Os dados finais confirmaram o resultado.
Não significa recuperação plena, mas apenas sinal de que pode ter se batido no fundo do poço. Em relação a março de 2008, por exemplo, ainda há 133 mil postos de trabalhos a menos – queda de 5,34%.
Mesmo assim, 16 segmentos da indústria ainda registraram redução de emprego; 5 indicaram aumento e um permaneceu estável.
Dentre os que mais sentiram a crise, estão Equipamentos de Informática, Produtos Eletrônicos e Ópticos (-2,7%); Metalurgia (-2,6%); Máquinas e Equipamentos (-1,9%); Veículos Automotores (-1,7%).
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Ao mesmo tempo que eram anunciados os dados de emprego da FIESP, a Fundação Getúlio Vargas divulgou o Sinalizador da Produção Industrial (SPI) de São Paulo – feito em parceria com a AES Eletropaulo -, indicando crescimento de 6,2% em março, em relação a fevereiro, mas ainda 5,4% abaixo de março do ano passado.
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Mais dois indicadores positivos ajudaram na colheita de boas notícias. O movimento aéreo cresceu 3,6% em comparação com março de 2008. É importante porque, fora de férias, o transporte aéreo é basicamente para negócios.
E montadores retomaram níveis pré-crise. Em março, o setor teve o melhor desempenho para o mês, de toda sua história: 271.494 veículos vendidos -incluindo automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Foi 17% a mais do que em 2008. Leve-se em conta que, com a redução do IPI, pode ter algum movimento de antecipação de compras engordando as vendas do mês. Mesmo assim, o desempenho é robusto.
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A características mais marcante da atual crise é a dispersão dos indicadores. Na ponta negativa, os índices de inadimplência estão aumentando sensivelmente. Muito, por conta do descuido da política econômica em relação a pequenas e micro empresas. Elas sentiram de imediato o corte no crédito. Com a corda no pescoço tentaram se manter à tona, mas acabaram atrasando seus compromissos. Criou-se um círculo de inadimplência que, agora, bate nas médias e grandes empresas.
Outro setor relevante – o siderúrgico – ainda não refletiu as melhoras na economia. Em março de 2009 a produção de aço bruto foi de 1,7 milhão de toneladas, 4,7% a mais do que fevereiro, mas queda de 41,5% em relação a março de 2008. Comportamento semelhante ocorreu com laminados. No trimestre a soma de laminados e aço bruto representou queda de 42,1% e 46,6% respectivamente sobre o 1º trimestre de 2008 .
O dado importante é que há sinais de recuperação no mercado interno. As vendas internas em maço foram 24,5% superiores a fevereiro – embora 37,9% inferiores a março de 2008.
Polônia quer US$ 20 bi do FMI
A Polônia vai recorrer à Linha de Crédito Flexível (FCL, na sigla em inglês) de cerca de US$ 20 bilhões do FMI (Fundo Monetário Internacional), confirmou o ministro de Finanças do país, Jacek Rostowski. "A Polônia será o segundo país, depois do México, a recorrer a essa linha, que está disponível apenas ao clube de países com sólidos fundamentos econômicos", disse o ministro. A FCL foi criada para países que apresentam fundamentos sólidos e um histórico favorável de políticas econômicas.
Ano difícil para os EUA
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, prevê um ano “difícil” para a economia. “A severidade desta recessão causará mais perdas de empregos, mais execuções de hipotecas e mais dores antes que (a recessão) termine”, afirmou. No entanto, disse que as medidas para combater a crise financeira estão começando a fazer efeito. "Não há dúvida de que os tempos ainda são duros. Mas, no ponto em que estamos, pela primeira vez estamos começando a vislumbrar uma esperança”, afirmou.
Petrobras excluída do superávit primário
O governo decidiu isentar a Petrobras de contribuir com o cálculo de superávit primário do setor público. Com isso, a estatal de petróleo está desobrigada de contabilizar uma despesa de R$ 15 bilhões, podendo usar esses recursos para investimentos a partir do ano que vem. O superávit primário é a diferença entre receitas e despesas governamentais, exceto gastos com juros, e a meta para este ano é de 3,8% do PIB.
Captações internacionais aumentam
Os países emergentes estão voltando a captar recursos no mercado internacional. Segundo dados do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), essas nações captaram US$ 22,14 bilhões com emissões externas de títulos soberanos e de empresas no primeiro trimestre deste ano, informou o órgão. Esse montante é 41% maior que o do último trimestre do ano passado, quando a arrecadação com títulos externos foi de US$ 4,32 bilhões.
Fortis tem prejuízo de 20 bilhões de euros
O banco belga Fortis anunciou um prejuízo de 20,6 bilhões de euros (US$ 27,5 bilhões) em 2008, depois da redução do capital e divisão dos seus negócios. A perda ficou em linha com o projetado pelo mercado, mas contrastou com o lucro de 1,8 bilhão de euros de 2007. A crise provocou o desmembramento da instituição, com a parte holandesa vendida e o restante do capital assumido pelos governos belga e luxemburguês.
Rússia precisa de recursos externos
A Rússia oficializou sua intenção de contrair empréstimos internacionais pela primeira vez em uma década, na tentativa de cobrir déficits orçamentários iminentes e abrir caminho para a arrecadação de recursos das empresas. Alexei Kudrin, ministro das Finanças, disse que a Rússia estava considerando um retorno aos mercados internacionais apenas em 2010, e que poderá fazer apresentações a investidores neste ano.
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